quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Orixá Iansã – Trono Feminino da Lei - Orixá Regente do Ano de 2011

 “... IANSÃ É A MÃE DIVINA RESPONSÁVEL PELO MOVIMENTO DA CRIAÇÃO E PELO DIRECIONAMENTO DA EVOLUÇÃO DOS SERES.

Sua natureza ágil e expedita tem a ver com essas suas funções divinas.

Sua associação com o ar (ventanias) é automática e é por causa da sua função movimentadora de tudo o que existe na criação.

O próprio giro planetário deve-se a ela, a senhora dos movimentos e das direções, a sua dança marcial é agitada e está indicando suas importantes funções ordenadoras da criação.

  • Se Oxalá modela tudo e todos, Iansã dá movimento e direciona tudo e todos.
  • Se Oxum concebe tudo e todos, Iansã coloca tudo e todos em movimento, direcionando-os.
  • Se Oxumaré dá as cores a tudo e a todos, Iansã dá movimento a elas, fazendo-as vibrar intensamente e liberar suas energias coloridas.
  • Se Iemanjá gera, Iansã dá movimento a tudo e que é gerado e direciona cada coisa ou ser gerado para o seu lugar ou caminho.
  • Se Ogum é o senhor dos caminhos, Iansã é quem direciona cada um para o seu e movimenta-o para que nunca pare de evoluir.

Bem, já deu para entender qual é o Axé divino de Iansã?
  • Não?! - Oras!
  • Ossain é o dono do axé vegetal!
  • Oxalá é dono do axé magnetizador!
  • Oxum é dona do axé mineral!
  • Oxumaré é dono do axé das cores!
  • Exu é dono do axé animal!
  • Iansã é dona do axé vibracional!
Iansã é senhora dos movimentos e as suas sete giras faz tudo vibrar, pondo em movimento e direcionando-os ordenadamente.

Oxalá gera o magnetismo, mas sem o axé de Iansã que dá movimento aos magnetismos gerados por ele, tudo ficaria preso a um ponto fixo.

Então temos essa lenda de Iansã, a senhora dos movimentos:
  • Há uma lenda (não contada antes) que diz que todos os orixás, quando receberam a ordem de Olodumaré para deixar sua morada interior (centro gerador) e ir habitar na sua morada exterior (mundo manifestado), assim que saíram se depararam com inúmeras dificuldades, pois, se na morada de Olodumaré podiam movimentar-se livremente, no exterior dela todos se sentiam pesados e seus movimentos eram tão lentos que seus axés não fluíam e eles não conseguiam irradiá-los para onde queriam, pois, se os projetavam, eles formavam um caos à volta deles.
  • Então começaram a retornar à morada interior de Olodumaré para reclamar dessa dificuldade, entre tantas outras que haviam encontrado, para exercer suas funções divinas de senhores portadores dos axés criadores dele, o Divino Criador!
  • Mas, assim que saíram da morada interior de Olodumaré, faltou-lhes tanto movimento quanto as direções, eles não só tinham dificuldades para se mover como não encontravam o caminho certo para voltar até a morada dele.
  • Ogum gerava caminhos e mais caminhos para que pudessem voltar à morada de Olodumaré, mas faltava-lhe o axé direcionador de Iansã e seus caminhos conduziam a todos os lugares do mundo manifestado, mas nenhum deles conduzia à morada de Olodumaré.
  • Oxumaré tentava dar cores a esses caminhos, mas eles não fluíam e à volta dele se criou um caos multicolorido.
  • Exu criou animais e mais animais, mandando-os encontrar a morada de Olodumaré, mas mesmo os de faro apuradíssimo não conseguiam rastrear o caminho trilhado por eles e se perdiam no caos estabelecido no mundo exterior.
  • Omulu, vendo toda aquela confusão e a dificuldade para retornarem à morada interior de Olodumaré, parou todo o mundo manifestado com seu axé paralisador.
  • Oxalá parou de modelar mundos e seres para habitá-los pois todos ficavam amontoados à sua volta porque não só não tinham movimentos, como ele não podia enviar cada mundo e seus habitantes para os devidos lugares, porque lhe faltava o movimento.
  • Xangô criava seus raios (axé das irradiações) mas, ao lançá-los, gerava outro caos, pois, por falta de movimento e direcionamento, não só eles não iam para os confins do mundo exterior, iluminando-o, como não sabiam a maneira de chegar à morada de Olodumaré.
  • Oxóssi atirava suas flechas, mas elas ficavam paradas no meio do caos. Elas não encontravam seus alvos, pois lhes faltava o axé direcionador que as conduziria até eles.
  • E assim, todos os orixás manifestados (ou designados por Olodumaré para administrar sua morada exterior) começaram a clamar-lhe que os ajudasse a encontrar o caminho certo que os conduziriam de volta à sua morada interior, de onde regeriam os muitos aspectos da criação com seus axés.
  • Mas os seus clamores não fluíam e se perdiam no caos à volta deles, pois não só não tinham movimento, não saindo de suas bocas e permanecendo em suas mentes, como, quando saíam, fluíam vagarosamente, mas sem rumo (sem direção).
  • Olodumaré, não recebendo notícias do paradeiro dos orixás e do que estavam fazendo na sua morada exterior que, se antes era vazia agora estava caótica, com axés e mais axés se misturando ou se anulando, enviou seu pássaro mensageiro até Orumilá para que este lhe revelasse o que estava passando.
  • Mas até Orumilá não conseguiu responder porque também já se encontrava no mundo exterior, para onde levou o axé das revelações que revelariam tudo a todos, e sua voz não saía de sua boca. E quando jogou os seus búzios, estes também nada revelaram, porque não tinham movimento ou direção e suas jogadas se perdiam.
  • Assim, quando o pássaro mensageiro soube o que estava acontecendo e quis retornar até Olodumaré para comunicar-lhe, não conseguiu voltar porque os movimentos de suas asas eram tão lentos que não podia voar. E, além dessa dificuldade, outra surgiu para ele, o pássaro mensageiro: não sabia que direção tomar para voltar à morada interior de Olodumaré.
  • Olodumaré, vendo que nem o seu pássaro mensageiro voltava da sua morada exterior (o mundo manifestado) e vendo que até o caos estabelecido nele já não se movia por causa do axé paralisador de Omulu, chamou até seu trono o orixá responsável pelo axé refletor, axé que reflete o mundo interior, a morada de Olodumaré para o seu exterior (o mundo manifestado) e reflete o mundo exterior para o mundo interior (mundo imanifesto).
  • E o orixá refletor responsável por esse axé de Olodumaré ativou seu mistério, e Olodumaré começou a ver todo o seu mundo ou morada exterior, e todos os orixás passaram a vê-lo também.
  • Mas Olodumaré não ouvia o clamor dos orixás no seu exterior porque lhes faltava o movimento e seus clamores não saíam pelas suas bocas. E quando saíam, dirigiam para todos os lugares menos para Olodumaré, pois lhes faltava o direcionamento.
  • Os orixás viam Olodumaré. Este os vendo, mas não sendo ouvido por eles, pois tudo na sua morada exterior estava paralisado, contemplou cada um deles no espelho da vida e da alma do seu orixá refletor e viu que as dificuldades deles eram muitas para se adaptar e se assentar nela, de onde emanariam seus axés, criando o mundo manifestado.
  • Então, Olodumaré dotou seu orixá refletor de nove axés e enviou-o em auxílio aos orixás exteriorizados.

Os nove axés são estes:

  1. Axé: movimentador (axé das vibrações).
  2. Axé: direcionador (axé das direções).
  3. Axé: separador (axé que separa um axé dos outros).
  4. Axé: controlador (axé que controla a emissão dos axés pelos outros orixás).
  5. Axé: espelhador (axé que reflete tudo o que é pensado).
  6. Axé: sonorizador (axé torna audível todos os pensamentos e sentimentos).
  7. Axé: cadenciador (axé que cadencia a tudo e a todos).
  8. Axé: espalhador (axé que espalha por todo o mundo manifestado os axés dos outros orixás).
  9. Axé: combinador (axé que combina os axés dos outros orixás na proporção certa, evitando o caos).

  • Olodumaré, após criar nove novos axés em seu orixá refletor, enviou-o à sua morada exterior em auxílio aos outros orixás.
  • A esse orixá, no qual engendrou nove novos axés, Olodumaré deu o nome de Iyá Mesan (a mãe dos nove filhos).
  • E então, toda esplendorosa, surgiu no mundo exterior IANSÃ (Iyá Mesan ou Iyá Avesan), que refletia toda a beleza da morada interior de Olodumaré aos orixás manifestados.
  • Mas, se isso ela fazia por ser o orixá refletor dos dois mundos (o interior e o exterior), ela também refletia toda a feiúra do mundo exterior, mergulhado no caos.
  • Ela refletia a angústia e a aflição dos outros orixás por não conseguirem se movimentar e não poderem direcionar seus axés em benefício da criação exterior de Olodumaré.
  • A tudo ela refletia enquanto se movimentava por toda a criação na sua dança frenética, durante a qual espargia para tudo e todos os seus nove axés.
  • E os outros orixás, vendo Iansã dançar sem parar e espargir seu axé que lhes dava movimento, direção, separava os axés, etc. Começaram a dançar atrás dela, cada um ao seu modo.
  • E assim, com cada um dançando já com seus passos cadenciados pelo axé cadenciador que ela os estava enviando, começaram a espargir (emanar) seus axés de forma controlada, dando forma ao caos.
  • E os mundos começaram a tomar formas as mais diversas possíveis, refletindo em cada uma delas a beleza e a harmonia da morada interior de Olodumaré, que passaram a existir também na sua morada exterior.
  • Dos olhos de Iansã, como se fossem dois espelhos, saíam raios que iluminavam os olhos dos outros orixás, que também passaram a refletir por eles o mundo interior (a morada interior de Olodumaré).
  • E onde os orixás pousavam seus olhos enquanto dançavam, ele ali começava a ser refletido, e os seres ficavam encantados pela beleza e harmonia da morada interior d´Ele e começavam a desejar retornar para Ele imediatamente, pois, mesmo vendo a beleza e a harmonia do mundo manifestado e tendo nele tudo do que precisavam, ainda assim desejavam retornar, porque sabiam que esse mundo exterior é só um reflexo do mundo interior, onde Olodumaré reside.
  • E, aí, nesse tempo quando o tempo ainda não existia, surgiram os seres encantados, os que por meio da dança dos orixás começaram a desejar retornar a morada inerior do Divino Criador Olodumaré.
  • Iansã, vendo esse desejo refletido nos olhos os filhos de Olodumaré gerados no seu exterior, chamou para si o dever de reconduzi-los à morada interior e passou a ser chamda de SENHORA DOS EGUNS (dos espíritos) pelos outros orixás.
  • Iansã criou a dança dos Eguns e deu a um dos seus nove filhos (seus nove axés) o nome de Egungun (a alma dos espíritos), em cujos olhos (espelhos) são refletidos todos os pensamentos.
  • É na sua dança (o axexe) outro filho de Iansã, portador do axé separador, dança atrás de Egungun e vai separando os Eguns verdadeiramente encantados pela beleza e harmonia da morada interior de Olodumaré dos que, fascinados pela ilusão de encontrar no mundo interior o que não viram no mundo exterior, só querem fugir dele e sem ainda estarem refletindo nos seus olhos a beleza e a harmonia existentes na morada interior de Olodumaré.
  • A estes, Iansã reservou-lhes o vazio, no qual morada alguma existe, para que eles reflitam em si mesmos a ausência da beleza e da harmonia existentes na morada de Olodumaré. Assim, vendo a si mesmos, eles se horrorizam com sua feiúra e desordem interior e começam a desejar retornar ao mundo exterior (reencarnar) para que possam encontrar-se nele e descobrir-se refletores dele para os seus semelhantes, tornando-se, cada um, um caminho de volta ao interior do nosso Divino Criador Olodumaré.
  • E os outros orixás, vendo a dificuldade dos Eguns em retornar à morada interior de Olodumaré e, lembrando-se de que Iansã, dançando e dançando, devolveu-lhes os movimentos e o senso de direção que lhes permitiu assumir suas funções no mundo manifestado, compadeceram-se do sofrimento e da dificuldades deles e concederam-lhes o direito de, com suas danças sagradas, começar a vislumbrar o mundo interior e descobrir por si e em si mesmos a existência dele. Também prometeram ensinar-lhes como se separar do mundo exterior sem sair dele e espelhando Olodumaré cada vez mais em seus olhos, pensamentos e ações, movimentos e palavras, chegarem até Ele por um caminho luminoso, belo e harmônico.
  • E todos se comprometeram diante de Iansã a ajudá-la nessa tarefa árdua de reconduzir todos os Eguns à morada interior de Olodumaré.
  • Ogum prometeu abrir quantos caminhos se fizessem necessários para eles. Inclusive, assumiu o compromisso de abrir um caminho para cada um. Com essa promessa de Ogum, cada Egun passou a ter um caminho próprio para que chegasse por conta própria à morada interior de Olodumaré.
  • Omulu prometeu acolher em seus domínios todos os Eguns, para facilitar a árdua tarefa de Iansã, pois ali, nos domínios dele, ela separaria mais facilmente os encantados dos desencantados. E assim os Eguns passaram a ter uma morada coletiva mas transitória, que são os cemitérios.
  • Obaluaiê, que é dono do axé que abre as passagens entre os mundos, prometeu abrir uma passagem para cada Egum que queira retornar para o mundo interior onde reside Olodumaré.
  • E assim surgiram as portas, as porteiras e os portais pelos quais os Eguns podem retornar para Olodumaré. Mas, para não atrapalhar a árdua tarefa de Iansã de separar os encarnados dos desencarnados, aos primeiros ele criou portas, porteiras e portais luminosos e aos segundos ele os criou escuros.
  • Exu com seu axé confundidor, prometeu ajudá-la na sua árdua tarefa confundido os Eguns desencarnados, fazendo parecerem luminosos as passagens escuras. E assim surgiram os enganos.
  • Pombagira prometeu a Iansã que tentaria todos os Eguns que, assim, tentados pelas coisas ilusórias do mundo exterior, se voltariam mais rapidamente para o mundo interior existente neles mesmos e se desencantariam das tentações que os afastam mais e mais da morada interior de Olodumaré. E assim surgiram os desejos!
  • Oxumaré prometeu a Iansã que, com seu axé das cores, daria uma cor específica e luminosa a cada um dos Eguns já encantados e não daria cor alguma aos desencantados, facilitando-lhes a separação deles. E assim surgiram as cores dos Eguns encantados e a ausência de cores nos desencantados.
  • Oxóssi que é o orixá supridor de alimentos para os que vivem na morada exterior de Olodumaré, prometeu a Iansã que supriria todas as necessidades alimentares da alma dos encantados e não deixaria faltar o mínimo indispensável aos desencantados para que eles sobrevivam até descobrirem em si mesmos o caminho, a porta e a cor luminosa que os conduzem ao mundo interior, onde reside Olodumaré.
  • E assim surgiu o autoconhecimento e a conscientização.
  • Xangô prometeu a Iansã usar o seu axé energizador para dar força a todos os encantados, pois assim, mais rapidamente retornariam ao mundo interior. Também prometeu-lhe que tiraria toda a energia dos que, totalmente voltados para o mundo exterior, estarão se afastando mais e mais do caminho luminoso que os reconduz a morada interior, onde reside Olodumaré.
  • Oxalá, senhor do axé das formas, prometeu a Iansã dar formas belíssimas e luminosas aos encantados e da formas horrorosas e sombrias aos desencantados, facilitando a separação deles em sua árdua tarefa de reconduzir os encantados pela beleza e harmonia existentes na morada interior, onde reside Olodumaré.
  • E assim surgiram as formas encantadoras e luminosas e as feias e horrorosas.
  • Oxum, senhora do axé conceptivo, prometeu a Iansã que a ajudaria em sua árdua tarefa tornando produtivos e afortunados os encantados e tornando estéreis e desafortunados os desencantados. E assim surgiram a riqueza e a pobreza no mundo exterior.
  • E, de um em um, todos os orixás, agradecidos a Iansã por ela lhes ter dado os axés indispensáveis para que eles pudessem criar o mundo exterior a partir do caos estabelecido, todos prometeram ajudá-la na sua árdua tarefa de reconduzir os eguns de volta à morada interior, onde reside Olodumaré, e que está localizado no íntimo de todos nós, sejamos espíritos ou orixás. Morada essa que pode ser visualizada em nós mesmos e que podemos refletir através dos nossos olhos, os espelhos da nossa alma!
  • Iansã é movimento e direção e, porque seu axé é o das vibrações que coloca tudo em movimento, ela também compartilhou-o com os outros orixás e cada um deles criou sua faixa vibratória, por meio da qual flui seu axé, sem que um interfira na ação dos outros.
  • Assim entendido, então temos o axés mineral, vegetal, animal e o vibracional, de Iansã.
  • Portanto, Iansã é a senhora dos ventos, dos raios e dos trovão, fenômenos da natureza...”
Retirado do  “Livro Formulário de Consagrações Umbandistas” de autoria do Mestre Rubens Saraceni – Editora Madras – Ano 2005

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