quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Orixá Iansã – Trono Feminino da Lei - Orixá Regente do Ano de 2011 - 2a.parte

Iansã é a aplicadora da Lei na vida os seres emocionados pelos vícios. Seu campo preferencial de atuação é o emocional dos seres: ela os esgota e redireciona, abrindo-lhes novos campos por onde evoluirão de forma menosemocional”.

Como dissemos antes, Iansã em seu primeiro elemento é ar e forma com Ogum um par energético no qual ele rege o pólo positivo e é passivo, pois suas irradiações magnéticas são retas. Iansã é negativa e ativa, e suas irradiações magnéticas são circulares ou espiraladas.

Iansã se irradia des formas diferentes: é cósmica (ativa) e é o orixá que ocupa o pólo magnético negativo da linha elemental pura do ar, na qual polariza com Ogum. Já em seu segundo elemento ela polariza com Xangô e atua como o pólo ativo da Justiça Divina, que é uma das sete irradiações divinas.

Na linha da Justiça, Iansã é seu aspecto móvel e Xangô é o assentado ou imutável, pois ela atua na transformação dos seres por meio de seus magnetismos negativos.

Iansã aplica a Lei nos campos da Justiça e é extremamente ativa. Uma de suas atribuições é colher seres fora-da-lei e, com um dos seus magnetismos, alterar todo o seu emocional, mental e consciência para só então redirecioná-los em outra linha de evolução que os aquietará e facilitará sua caminhada pela linha reta da evolução.

As energias irradiadas por Iansã densificam o mental, diminuindo seu magnetismo, e estimulam o emocional acelerando suas vibrações.

Com isso, o ser se torna mais emotivo e mais facilmente é redirecionado. Mas quando não é possível reconduzi-lo a linha reta da evolução, então uma das suas sete intermediárias “cósmicas”, que atuam em seus aspectos negativos, paralisa o ser e o retém em um dos campos de esgotamento mental, emocional e energético até que ele tenha sido esgotado de seu negativismo e tenha descarregado todo o seu emocional desvirtuado e viciado.

Nossa amada mãe Iansã possui vinte e uma Iansãs intermediárias, que são assim distribuídas:

  • Sete atuam junto dos pólos magnéticos irradiantes e auxiliam os orixás regentes dos pólos positivos, os quais entram como aplicadores da Lei segundo os princípios da Justiça Divina, recorrendo aos aspectos positivos da orixá planetária Iansã.
  • Sete atuam junto dos pólos magnéticos absorventes e auxiliam os orixás regentes dos pólos negativos, os quais entram como aplicadores da Lei segundo seus princípios, recorrendo aos aspectos negativos da orixá planetária Iansã.
  • Sete atuam nas faixas neutras das dimensões planetárias, as quais, regidas pelos princípios da Lei, ou direcionam os seres para as faixas vibratórias positivas ou negativas.

Enfim, são vinte e uma orixás Iansãs intermediárias aplicadoras da Lei nas Sete Linhas de Umbanda.

Como seus campos preferenciais de atuação são os religiosos, não é de se estranhar que nossa amada mãe Iansã intermediária para a linha da Fé nos campos do Tempo seja descrita como a própria Oyá Tempo, já que é ela quem envia ao tempo os eguns fora-da-lei no campo da religiosidade.

Iansã do Tempo, não tenham dúvida, tem um vasto campo de ação e colhe os espíritos desvirtuados nas coisas da Fé, enviando-os ao Tempo onde serão esgotados. Mas antes ela tentou reequilibrá-los e redirecioná-los, só optando por enviá-los a um campo no qual o magnetismo os esvazia quando vê que um esgotamento total em todos os sete sentidos é necessário. E isso o Tempo faz muito bem!

Já Iansã Balê, do Balê ou das Almas é outra intermediária de nossa mãe maior Iansã, muito solicitada e conhecida porque atua preferenciamente sobre os espíritos que desvirtuam os princípios da Lei que dão sustentação à vida e, como vida é geração e Omulu atua no pólo negativo da linha da Geração, então ela envia aos domínios dele todos os espíritos que atentaram contra a vida dos seus semelhantes ao desvirtuarem os princípios da Lei e da Justiça Divina.

Logo, seu campo de ação localiza-se nos domínios do orixá Omulu, que rege o lado de “baixo” do campo santo.

Mas são muito conhecidas as Iansãs intermediárias Sete Pedreiras, dos Raios, do Mar, das Cachoeiras e dos Ventos (Iansã pura). As outras assumem nomes dos elementos que lhes chegam pelas irradiações inclinadas dos outros orixás, quando surgem as Iansãs irradiantes e multicoloridas. Temos:

  • Uma Iansã do Ar
  • Uma Iansã Cristalina
  • Uma Iansã Mineral
  • Uma Iansã Vegetal
  • Uma Iansã Ígnea
  • Uma Iansã Telúrica
  • Uma Iansã Aquática

Bom, só por essa amostra dos múltiplos aspectos de nossa amada regente feminina do ar já deu para ter uma idéia do imenso campo de ação do mistério “Iansã”.

O fato é que ela aplica a Lei nos campos da Justiça Divina e transforma os seres desequilibrados com suas irradiações espiraladas, que os giram até que tenham descarregado seus emocionais desvirtuados e suas consciências desordenadas.

Não vamos nos alongar mais, pois muito já foi dito e escrito sobre a “Senhora dos Ventos”.

Texto retirado do Livro: Orixás -Teogonia de Umbanda – Rubens Saraceni – Inspirado por Pai Benedito de Aruanda – Editora Madras 2008 – livro que procura explicar o Universo Divino pela identificação dos Campos de Atuação dos Senhores Orixás Planetários e de Suas Hierarquias Divinas.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Orixá Iansã – Trono Feminino da Lei - Orixá Regente do Ano de 2011

 “... IANSÃ É A MÃE DIVINA RESPONSÁVEL PELO MOVIMENTO DA CRIAÇÃO E PELO DIRECIONAMENTO DA EVOLUÇÃO DOS SERES.

Sua natureza ágil e expedita tem a ver com essas suas funções divinas.

Sua associação com o ar (ventanias) é automática e é por causa da sua função movimentadora de tudo o que existe na criação.

O próprio giro planetário deve-se a ela, a senhora dos movimentos e das direções, a sua dança marcial é agitada e está indicando suas importantes funções ordenadoras da criação.

  • Se Oxalá modela tudo e todos, Iansã dá movimento e direciona tudo e todos.
  • Se Oxum concebe tudo e todos, Iansã coloca tudo e todos em movimento, direcionando-os.
  • Se Oxumaré dá as cores a tudo e a todos, Iansã dá movimento a elas, fazendo-as vibrar intensamente e liberar suas energias coloridas.
  • Se Iemanjá gera, Iansã dá movimento a tudo e que é gerado e direciona cada coisa ou ser gerado para o seu lugar ou caminho.
  • Se Ogum é o senhor dos caminhos, Iansã é quem direciona cada um para o seu e movimenta-o para que nunca pare de evoluir.

Bem, já deu para entender qual é o Axé divino de Iansã?
  • Não?! - Oras!
  • Ossain é o dono do axé vegetal!
  • Oxalá é dono do axé magnetizador!
  • Oxum é dona do axé mineral!
  • Oxumaré é dono do axé das cores!
  • Exu é dono do axé animal!
  • Iansã é dona do axé vibracional!
Iansã é senhora dos movimentos e as suas sete giras faz tudo vibrar, pondo em movimento e direcionando-os ordenadamente.

Oxalá gera o magnetismo, mas sem o axé de Iansã que dá movimento aos magnetismos gerados por ele, tudo ficaria preso a um ponto fixo.

Então temos essa lenda de Iansã, a senhora dos movimentos:
  • Há uma lenda (não contada antes) que diz que todos os orixás, quando receberam a ordem de Olodumaré para deixar sua morada interior (centro gerador) e ir habitar na sua morada exterior (mundo manifestado), assim que saíram se depararam com inúmeras dificuldades, pois, se na morada de Olodumaré podiam movimentar-se livremente, no exterior dela todos se sentiam pesados e seus movimentos eram tão lentos que seus axés não fluíam e eles não conseguiam irradiá-los para onde queriam, pois, se os projetavam, eles formavam um caos à volta deles.
  • Então começaram a retornar à morada interior de Olodumaré para reclamar dessa dificuldade, entre tantas outras que haviam encontrado, para exercer suas funções divinas de senhores portadores dos axés criadores dele, o Divino Criador!
  • Mas, assim que saíram da morada interior de Olodumaré, faltou-lhes tanto movimento quanto as direções, eles não só tinham dificuldades para se mover como não encontravam o caminho certo para voltar até a morada dele.
  • Ogum gerava caminhos e mais caminhos para que pudessem voltar à morada de Olodumaré, mas faltava-lhe o axé direcionador de Iansã e seus caminhos conduziam a todos os lugares do mundo manifestado, mas nenhum deles conduzia à morada de Olodumaré.
  • Oxumaré tentava dar cores a esses caminhos, mas eles não fluíam e à volta dele se criou um caos multicolorido.
  • Exu criou animais e mais animais, mandando-os encontrar a morada de Olodumaré, mas mesmo os de faro apuradíssimo não conseguiam rastrear o caminho trilhado por eles e se perdiam no caos estabelecido no mundo exterior.
  • Omulu, vendo toda aquela confusão e a dificuldade para retornarem à morada interior de Olodumaré, parou todo o mundo manifestado com seu axé paralisador.
  • Oxalá parou de modelar mundos e seres para habitá-los pois todos ficavam amontoados à sua volta porque não só não tinham movimentos, como ele não podia enviar cada mundo e seus habitantes para os devidos lugares, porque lhe faltava o movimento.
  • Xangô criava seus raios (axé das irradiações) mas, ao lançá-los, gerava outro caos, pois, por falta de movimento e direcionamento, não só eles não iam para os confins do mundo exterior, iluminando-o, como não sabiam a maneira de chegar à morada de Olodumaré.
  • Oxóssi atirava suas flechas, mas elas ficavam paradas no meio do caos. Elas não encontravam seus alvos, pois lhes faltava o axé direcionador que as conduziria até eles.
  • E assim, todos os orixás manifestados (ou designados por Olodumaré para administrar sua morada exterior) começaram a clamar-lhe que os ajudasse a encontrar o caminho certo que os conduziriam de volta à sua morada interior, de onde regeriam os muitos aspectos da criação com seus axés.
  • Mas os seus clamores não fluíam e se perdiam no caos à volta deles, pois não só não tinham movimento, não saindo de suas bocas e permanecendo em suas mentes, como, quando saíam, fluíam vagarosamente, mas sem rumo (sem direção).
  • Olodumaré, não recebendo notícias do paradeiro dos orixás e do que estavam fazendo na sua morada exterior que, se antes era vazia agora estava caótica, com axés e mais axés se misturando ou se anulando, enviou seu pássaro mensageiro até Orumilá para que este lhe revelasse o que estava passando.
  • Mas até Orumilá não conseguiu responder porque também já se encontrava no mundo exterior, para onde levou o axé das revelações que revelariam tudo a todos, e sua voz não saía de sua boca. E quando jogou os seus búzios, estes também nada revelaram, porque não tinham movimento ou direção e suas jogadas se perdiam.
  • Assim, quando o pássaro mensageiro soube o que estava acontecendo e quis retornar até Olodumaré para comunicar-lhe, não conseguiu voltar porque os movimentos de suas asas eram tão lentos que não podia voar. E, além dessa dificuldade, outra surgiu para ele, o pássaro mensageiro: não sabia que direção tomar para voltar à morada interior de Olodumaré.
  • Olodumaré, vendo que nem o seu pássaro mensageiro voltava da sua morada exterior (o mundo manifestado) e vendo que até o caos estabelecido nele já não se movia por causa do axé paralisador de Omulu, chamou até seu trono o orixá responsável pelo axé refletor, axé que reflete o mundo interior, a morada de Olodumaré para o seu exterior (o mundo manifestado) e reflete o mundo exterior para o mundo interior (mundo imanifesto).
  • E o orixá refletor responsável por esse axé de Olodumaré ativou seu mistério, e Olodumaré começou a ver todo o seu mundo ou morada exterior, e todos os orixás passaram a vê-lo também.
  • Mas Olodumaré não ouvia o clamor dos orixás no seu exterior porque lhes faltava o movimento e seus clamores não saíam pelas suas bocas. E quando saíam, dirigiam para todos os lugares menos para Olodumaré, pois lhes faltava o direcionamento.
  • Os orixás viam Olodumaré. Este os vendo, mas não sendo ouvido por eles, pois tudo na sua morada exterior estava paralisado, contemplou cada um deles no espelho da vida e da alma do seu orixá refletor e viu que as dificuldades deles eram muitas para se adaptar e se assentar nela, de onde emanariam seus axés, criando o mundo manifestado.
  • Então, Olodumaré dotou seu orixá refletor de nove axés e enviou-o em auxílio aos orixás exteriorizados.

Os nove axés são estes:

  1. Axé: movimentador (axé das vibrações).
  2. Axé: direcionador (axé das direções).
  3. Axé: separador (axé que separa um axé dos outros).
  4. Axé: controlador (axé que controla a emissão dos axés pelos outros orixás).
  5. Axé: espelhador (axé que reflete tudo o que é pensado).
  6. Axé: sonorizador (axé torna audível todos os pensamentos e sentimentos).
  7. Axé: cadenciador (axé que cadencia a tudo e a todos).
  8. Axé: espalhador (axé que espalha por todo o mundo manifestado os axés dos outros orixás).
  9. Axé: combinador (axé que combina os axés dos outros orixás na proporção certa, evitando o caos).

  • Olodumaré, após criar nove novos axés em seu orixá refletor, enviou-o à sua morada exterior em auxílio aos outros orixás.
  • A esse orixá, no qual engendrou nove novos axés, Olodumaré deu o nome de Iyá Mesan (a mãe dos nove filhos).
  • E então, toda esplendorosa, surgiu no mundo exterior IANSÃ (Iyá Mesan ou Iyá Avesan), que refletia toda a beleza da morada interior de Olodumaré aos orixás manifestados.
  • Mas, se isso ela fazia por ser o orixá refletor dos dois mundos (o interior e o exterior), ela também refletia toda a feiúra do mundo exterior, mergulhado no caos.
  • Ela refletia a angústia e a aflição dos outros orixás por não conseguirem se movimentar e não poderem direcionar seus axés em benefício da criação exterior de Olodumaré.
  • A tudo ela refletia enquanto se movimentava por toda a criação na sua dança frenética, durante a qual espargia para tudo e todos os seus nove axés.
  • E os outros orixás, vendo Iansã dançar sem parar e espargir seu axé que lhes dava movimento, direção, separava os axés, etc. Começaram a dançar atrás dela, cada um ao seu modo.
  • E assim, com cada um dançando já com seus passos cadenciados pelo axé cadenciador que ela os estava enviando, começaram a espargir (emanar) seus axés de forma controlada, dando forma ao caos.
  • E os mundos começaram a tomar formas as mais diversas possíveis, refletindo em cada uma delas a beleza e a harmonia da morada interior de Olodumaré, que passaram a existir também na sua morada exterior.
  • Dos olhos de Iansã, como se fossem dois espelhos, saíam raios que iluminavam os olhos dos outros orixás, que também passaram a refletir por eles o mundo interior (a morada interior de Olodumaré).
  • E onde os orixás pousavam seus olhos enquanto dançavam, ele ali começava a ser refletido, e os seres ficavam encantados pela beleza e harmonia da morada interior d´Ele e começavam a desejar retornar para Ele imediatamente, pois, mesmo vendo a beleza e a harmonia do mundo manifestado e tendo nele tudo do que precisavam, ainda assim desejavam retornar, porque sabiam que esse mundo exterior é só um reflexo do mundo interior, onde Olodumaré reside.
  • E, aí, nesse tempo quando o tempo ainda não existia, surgiram os seres encantados, os que por meio da dança dos orixás começaram a desejar retornar a morada inerior do Divino Criador Olodumaré.
  • Iansã, vendo esse desejo refletido nos olhos os filhos de Olodumaré gerados no seu exterior, chamou para si o dever de reconduzi-los à morada interior e passou a ser chamda de SENHORA DOS EGUNS (dos espíritos) pelos outros orixás.
  • Iansã criou a dança dos Eguns e deu a um dos seus nove filhos (seus nove axés) o nome de Egungun (a alma dos espíritos), em cujos olhos (espelhos) são refletidos todos os pensamentos.
  • É na sua dança (o axexe) outro filho de Iansã, portador do axé separador, dança atrás de Egungun e vai separando os Eguns verdadeiramente encantados pela beleza e harmonia da morada interior de Olodumaré dos que, fascinados pela ilusão de encontrar no mundo interior o que não viram no mundo exterior, só querem fugir dele e sem ainda estarem refletindo nos seus olhos a beleza e a harmonia existentes na morada interior de Olodumaré.
  • A estes, Iansã reservou-lhes o vazio, no qual morada alguma existe, para que eles reflitam em si mesmos a ausência da beleza e da harmonia existentes na morada de Olodumaré. Assim, vendo a si mesmos, eles se horrorizam com sua feiúra e desordem interior e começam a desejar retornar ao mundo exterior (reencarnar) para que possam encontrar-se nele e descobrir-se refletores dele para os seus semelhantes, tornando-se, cada um, um caminho de volta ao interior do nosso Divino Criador Olodumaré.
  • E os outros orixás, vendo a dificuldade dos Eguns em retornar à morada interior de Olodumaré e, lembrando-se de que Iansã, dançando e dançando, devolveu-lhes os movimentos e o senso de direção que lhes permitiu assumir suas funções no mundo manifestado, compadeceram-se do sofrimento e da dificuldades deles e concederam-lhes o direito de, com suas danças sagradas, começar a vislumbrar o mundo interior e descobrir por si e em si mesmos a existência dele. Também prometeram ensinar-lhes como se separar do mundo exterior sem sair dele e espelhando Olodumaré cada vez mais em seus olhos, pensamentos e ações, movimentos e palavras, chegarem até Ele por um caminho luminoso, belo e harmônico.
  • E todos se comprometeram diante de Iansã a ajudá-la nessa tarefa árdua de reconduzir todos os Eguns à morada interior de Olodumaré.
  • Ogum prometeu abrir quantos caminhos se fizessem necessários para eles. Inclusive, assumiu o compromisso de abrir um caminho para cada um. Com essa promessa de Ogum, cada Egun passou a ter um caminho próprio para que chegasse por conta própria à morada interior de Olodumaré.
  • Omulu prometeu acolher em seus domínios todos os Eguns, para facilitar a árdua tarefa de Iansã, pois ali, nos domínios dele, ela separaria mais facilmente os encantados dos desencantados. E assim os Eguns passaram a ter uma morada coletiva mas transitória, que são os cemitérios.
  • Obaluaiê, que é dono do axé que abre as passagens entre os mundos, prometeu abrir uma passagem para cada Egum que queira retornar para o mundo interior onde reside Olodumaré.
  • E assim surgiram as portas, as porteiras e os portais pelos quais os Eguns podem retornar para Olodumaré. Mas, para não atrapalhar a árdua tarefa de Iansã de separar os encarnados dos desencarnados, aos primeiros ele criou portas, porteiras e portais luminosos e aos segundos ele os criou escuros.
  • Exu com seu axé confundidor, prometeu ajudá-la na sua árdua tarefa confundido os Eguns desencarnados, fazendo parecerem luminosos as passagens escuras. E assim surgiram os enganos.
  • Pombagira prometeu a Iansã que tentaria todos os Eguns que, assim, tentados pelas coisas ilusórias do mundo exterior, se voltariam mais rapidamente para o mundo interior existente neles mesmos e se desencantariam das tentações que os afastam mais e mais da morada interior de Olodumaré. E assim surgiram os desejos!
  • Oxumaré prometeu a Iansã que, com seu axé das cores, daria uma cor específica e luminosa a cada um dos Eguns já encantados e não daria cor alguma aos desencantados, facilitando-lhes a separação deles. E assim surgiram as cores dos Eguns encantados e a ausência de cores nos desencantados.
  • Oxóssi que é o orixá supridor de alimentos para os que vivem na morada exterior de Olodumaré, prometeu a Iansã que supriria todas as necessidades alimentares da alma dos encantados e não deixaria faltar o mínimo indispensável aos desencantados para que eles sobrevivam até descobrirem em si mesmos o caminho, a porta e a cor luminosa que os conduzem ao mundo interior, onde reside Olodumaré.
  • E assim surgiu o autoconhecimento e a conscientização.
  • Xangô prometeu a Iansã usar o seu axé energizador para dar força a todos os encantados, pois assim, mais rapidamente retornariam ao mundo interior. Também prometeu-lhe que tiraria toda a energia dos que, totalmente voltados para o mundo exterior, estarão se afastando mais e mais do caminho luminoso que os reconduz a morada interior, onde reside Olodumaré.
  • Oxalá, senhor do axé das formas, prometeu a Iansã dar formas belíssimas e luminosas aos encantados e da formas horrorosas e sombrias aos desencantados, facilitando a separação deles em sua árdua tarefa de reconduzir os encantados pela beleza e harmonia existentes na morada interior, onde reside Olodumaré.
  • E assim surgiram as formas encantadoras e luminosas e as feias e horrorosas.
  • Oxum, senhora do axé conceptivo, prometeu a Iansã que a ajudaria em sua árdua tarefa tornando produtivos e afortunados os encantados e tornando estéreis e desafortunados os desencantados. E assim surgiram a riqueza e a pobreza no mundo exterior.
  • E, de um em um, todos os orixás, agradecidos a Iansã por ela lhes ter dado os axés indispensáveis para que eles pudessem criar o mundo exterior a partir do caos estabelecido, todos prometeram ajudá-la na sua árdua tarefa de reconduzir os eguns de volta à morada interior, onde reside Olodumaré, e que está localizado no íntimo de todos nós, sejamos espíritos ou orixás. Morada essa que pode ser visualizada em nós mesmos e que podemos refletir através dos nossos olhos, os espelhos da nossa alma!
  • Iansã é movimento e direção e, porque seu axé é o das vibrações que coloca tudo em movimento, ela também compartilhou-o com os outros orixás e cada um deles criou sua faixa vibratória, por meio da qual flui seu axé, sem que um interfira na ação dos outros.
  • Assim entendido, então temos o axés mineral, vegetal, animal e o vibracional, de Iansã.
  • Portanto, Iansã é a senhora dos ventos, dos raios e dos trovão, fenômenos da natureza...”
Retirado do  “Livro Formulário de Consagrações Umbandistas” de autoria do Mestre Rubens Saraceni – Editora Madras – Ano 2005

SETE LINHAS DA UMBANDA SAGRADA

As sete linhas são as sete irradiações divinas emitidas pelo divino Criador Olorum, que é Deus, e formam sete “eixos” divinos sustentadores de toda a sua criação divina.
Esses sete eixos já foram descritos com vários nomes simbólicos, tais como:
  • As sete colunas sustentadoras da criação.
  • Os sete pilares sustetadores do mundo.
  • Os sete raios divinos.
  • Os sete cajados sagrados.
  • As sete lanças protetoras divinas.
  • As sete flechas direcionadoras da criação.
  • As sete linhas de evolução.
  • Os sete caminhos sagrados, etc.
A verdade, e isso é o que importa, é que as Sete Linhas da Umbanda Sagrada começam em Deus e chegam até nós aqui na terra, penetrando em nosso mental, com uma delas entrando verticalmente bem no centro de nosso chacra coronal criando um eixo denominado “eixo do nosso equilíbrio”.
Sem esse eixo para nos equilibrar não conseguiríamos nos manter de pé, na posição vertical.
As outras seis irradiações entram em nosso chacra coronal cada uma em uma posição ao redor dele e criando um roda raiada com um eixo central que nos faculta movimentar-nos para a direção que quisermos sem perder o equilíbrio , com cada um deles exercendo a suas funções energizadoras de nossas faculdades mentais e dos nossos sete sentidos.
Em dado momento é um desses eixos que envia-nos um carga mai intensa de energia viva e divina e em outro momento é outro desses eixos.
Em nós, esses sete eixos ou essas sete linhas são tão importantes e imprescindíveis, que se um deles atrofiar-se ou torcer-se ou ter seu calibre reduzido, nos ressentimos de sua alimentação energética e entramos em desequilíbrio mental, fato esse que afeta algumas de nossas faculdades mentais e desvirtua algum dos nossos sentidos, fato esse que afeta nossa percepção, nossa sensibilidade, nossas emoções, nosso humor, nossa razão, nosso caráter, nossa fé, nosso senso, etc.
As sete linhas são bi-polarizadas e, graficamente, colocamos na ponta de cada uma um Orixá, que é em si uma manifestação e uma fatoração do Divino Criador Olorum, que é Deus.
Cada Orixá e em si uma exteriorização do Divino Criador Olorum e é em si um mistério divino do tamanho da criação. Sendo que tudo e todos depois Dele estão dentro dos seus campos vibratórios mentais, sendo influienciados o tempo todo, hora por um desses campos, hora por outro e noutra hora por vários deles ao mesmo tempo, tudo, dependendo de nossas ações mentais.
Mas, além da importância para nosso equilíbrio e bem estar as Sete Linhas de Umbanda ou as Sete Irradiações Divinas participam dos processos criacionistas de Deus estabelecendo os eixos cristalográficos que regulam o crescimento dos minerais formadores da “matéria”.
Em outro campo, atuam de outras formas, dando sustentação à formulação de outros “materiais” e mesmo de coisas imateriais, tais como a fé, o amor, etc.
Por isso tanto podemos nomear as sete linhas pelos elementos formadores da natureza terrestre e que são materiais ou pelos sentidos que são imaterias.

NOS ELEMENTOS TEMOS ESSA NOMENCLATURA:
  • LINHA CRISTALINA (OU CRISTAIS)
  • LINHA MINERAL (OU MINÉRIOS)
  • LINHA VEGETAL (OU VEGETAIS)
  • LINHA ÍGNEA (O FOGO)
  • LINHA EÓLICA (O AR)
  • LINHA TELÚRICA (A TERRA)
  • LINHA AQUÁTICA (A ÁGUA)

NOS SENTIDOS, QUE SÃO IMATERIAIS, TEMOS ESSA NOMENCLATURA:
  • LINHA DA FÉ OU DA RELIGIOSIDADE
  • LINHA DO AMOR E DA RENOVAÇÃO
  • LINHA DO CONHECIMENTO E DO APRENDIZADO
  • LINHA DO EQUILÍBRIO OU DA RAZÃO
  • LINHA DA LEI E DO CARÁTER
  • LINHA DA EVOLUÇÃO E DO SABER
  • LINHA DA GERAÇÃO E DA CRIATIVIDADE

AS SETE LINHAS DE UMBANDA SÃO PONTIFICADAS EM SEUS QUATORZE PÓLOS REGENTES POR QUATORZE ORIXÁS E, QUE SÃO ESSES:
  • LINHA DA FÉ – OXALÁ E OYÁ LOGUNAN
  • LINHA DO AMOR – OXUM E OXUMARÉ
  • LINHA DO CONHECIMENTO – OXÓSSI E OBÁ
  • LINHA DA JUSTIÇA – XANGÔ E EGUNITÁ
  • LINHA DA LEI – OGUM E YANSÃ
  • LINHA DA EVOLUÇÃO – OBALUAYÊ E NANÃ BURUQUE
  • LINHA DA GERAÇÃO – YEMANJÁ E OMULU

  • OXALÁ É A FÉ E OYÁ LOGUNAN É O FERVOR RELIGIOSO
  • OXUM É A CONCEPÇÃO E OXUMARÉ É A RENOVAÇÃO DA VIDA
  • OXÓSSI É O CONHECIMENTO E OBÁ É O APRENDIZADO
  • XANGÔ É A RAZÃO E EGUNITÁ É A CONDENSADORA DOS ESTADOS E CONSCIÊNCIA.
  • OGUM É A LEI E YANSÃ AS DIREÇÕES A SEREM SEGUIDAS PELOS SERES.
  • OBALUAYÊ É A EVOLUÇÃO TRANSMUTADORA E NANÃ BURUQUE É SABER ADQUIRIDO.
  • YEMANJÁ É A GERAÇÃO DA VIDA E OMULU É O SEU ESTABILIZADOR.

NOS FATORES, TEMOS ISSO:
  • OXALÁ MAGNETIZADOR – LOGUNAN CONDUTORA.
  • OXUM É AGREGADORA – OXUMARÉ É RENOVADOR
  • OXÓSSI É EXPANSOR – OBÁ É CONCENTRADORA
  • XANGÔ É GRADUADOR – EGUNITÁ É ENERGIZADORA.
  • OGUM É ORDENADOR – YANSÃ É DIRECIONADORA
  • OBALUAYÊ É TRANSMUTADOR – NANÃ BURUQUE É AMADURECEDORA
  • YEMANJÁ É GERADORA – OMULU É ESTABILIZADOR

NAS CORES TEMOS ESSA CLASSIFICAÇÃO:
  • A COR DE OXALÁ É BRANCA – A COR DE OYÁ LOGUNAN É O AZUL ESCURO
  • A COR DE OXUM É ROSA – A COR DE OXUMARÉ É O AZUL TURQUESA
  • A COR DE OXÓSSI É VERDE – A COR DE OBÁ É O MAGENTA.
  • A COR DE XANGÔ É VERMELHO – A COR DE EGUNITÁ É O LARANJA
  • A COR DE OGUM É AZUL ESCURO – A COR DE YANSÃ É O AMARELO
  • A COR DE OBALUAYÊ É O VIOLETA – A COR DE NANÃ BURUQUE É O LILÁS
  • A COR DE YEMANJÁ É O AZUL CLARO – A COR DE OMULU É O ROXO

TAMBÉM TEMOS OUTRA CLASSIFICAÇÃO:
  • OXALÁ É O ESPAÇO E OYÁ LOGUNAN É O TEMPO
  • OXUM É A CONCEPÇÃO E OXUMARÉ É O RENASCIMENTO
  • OXÓSSI É O CONHECIMENTO E OBÁ É A RACIONALIDADE
  • XANGÔ É A TEMPERATURA E EGUNITÁ É A ENERGIA
  • OGUM É ENCAMINHADOR E YANSÃ É DIRECIONADORA
  • OBALUAYÊ É A PASSAGEM E NANÃ BURUQUE É O ABRIGO
  • YEMANJÁ É A NATIVIDADE E OMULU É A MORTE.

SÃO TANTAS AS POSSIBILIDADES DE NOMEAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DAS SETE LINHAS DE UMBANDA QUE É MELHOR PARARMOS POR AQUI.

ARTIGO – RUBENS SARACENI – JORNAL DE UMBANDA SAGRADA – JUNHO/2010